quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Poesia no Feminino


Quando prometi ao vento amargo
a esperança de um amanhã eficaz,
fui embalada por ele num barco
de maresia e paz.

Rita
11º7ª

Poesia no feminino


Tu, apenas tu .
As tuas lágrimas chamavam-me
Para um mundo de cor,
Um olhar desmesurado
Recompensado do anterior.

Dispersos os nossos diálogos
Repletos de fervor.
Palavras comprimidas
Duma mente sem temor.

Rouxinóis perdidos algures
Numa floresta só minha.
Esqueci-me do que não eras
Mas foste o que tinha.
Foste, já não és,
Não és nada, mas foste tudo.

Joana Canela, 11º7ª

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Hábitos Sociais dos Alunos - Rendimento Escolar

A biblioteca apoia os alunos nos seus projectos. Neste início de ano, as diversas turmas do 12ºano andam a informar- se sobre a metodologia do trabalho de projecto. a bibliografia anda numa roda viva, a escolha dos temas mais interessantes levanta algumas polémicas...Gostamos de ver os alunos interessados em pesquisar e analisar situações e problemas.
Assim sendo, iremos dar visibilidade a alguns trabalhos de Área de Projecto realizados o ano passado e que, pela sua qualidade, podem motivar os alunos na procura do rigor e da exigência.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Concurso de Portefólios

Este concurso de portefólios destina- se aos aluns do 7º, 8º e 9º anos e terá em conta as obras referidas no portefólio de leituras.
As leituras no âmbito da Área de Projecto e Estudo Acompanhado destinam-se a melhorar as aquisições em Língua Materna, já que se enriquece o vocabulário dos alunos e se desenvolve a capacidade de abstracção.
Seguindo o gosto dos alunos , as sugestões de professores e do Plano Nacional de Leitura estamos a adquirir novas obras de literatura juvenil e, em parceria com os professores de Português ,organizaremos o primeiro concurso na última semana de Dezembro.
Os melhores leitores receberão um cabaz de livros e uma surpresa...
Se és aluno do terceiro ciclo organiza as tuas fichas de leitura deste período e concorre!
As inscrições estão abertas no CRE e na Sala de Estudo.

Clube de Leitura 2007/2008

Este ano vamos continuar o clube de leitura iniciado no ano anterior.
Seguimos a mesma linha: estabelecer pontes com os professores de Português preferencialmente, de modo a cativar os alunos para a leitura recreativa de obras adequadas ao seu nível etário.
Vamos promover dois encontros, um para os alunos do 10º ano e outro para os alunos do 11º ano.

A 19 de Novembro, pelas 17h, na biblioteca:


  • encontro de leitores do 10º ano , professores , funcionários e pais

Livros propostos:



  • Não te Deixarei Morrer David Crokett, Miguel Sousa Tavares

  • Um Dia Atrás do Outro, Laurinda Alves

  • Diário de Anne FranK, Anne Frank

  • Pequenas Memórias, José Saramago

  • Léah e Outras Histórias, José Rodrigues Miguéis

  • Contos de Eça de Queirós

  • Os livros propostos têm em conta as leituras sugeridas para o 10º ano , no primeiro período.
    Os dois primeiros são crónicas de dois jornalistas/escritores que evocam pequenos acontecimentos do quotidiano e nos deliciam com a sensibilidade que revelam.
    Os dois seguintes, Anne Frank e Saramago, são memórias da tragédia judaica vista pelo olhar de uma adolescente que a sofreu na pele e da vida humilde de um rapazinho português que gostava de ouvir as histórias do seu avô analfabeto e que, contra todas as previsões, veio a ser um grande escritor.
    Os dois últimos são contos de dois grandes escritores que olharam Portugal do estrangeiro e enriqueceram o seu olhar com as suas vivências lá de fora.

A 20 de Novembro, pelas 17h , na biblioteca :

  • encontro de alunos do 11ºan0, professores, funcionários e pais


Livros propostos:

  • O Homem do País Azul, Manuel Alegre
  • Cão como Nós, Manuel Alegre
  • Crónica do Rei Pasmado, Gonçalo Torrente Ballester
  • Bichos, Miguel Torga
  • Novos Contos da Montanha, Miguel Torga

  • O Velho que Lia Romances de Amor, Luís Sepúlveda

  • O Velho e o Mar, Ernest Hemingway

Também aqui seguimos as sugestões para leituras recreativas de acordo com o programa de 11º ano.
O primeiro conto evoca Portugal nos tempos de exílio em Paris e Argel, antes de Abril.
O segundo é uma bela homenagem ao melhor amigo do homem.Em ambos percebemos que Manuel Alegre, para além de ser um óptimo poeta, também nos sabe cativar com as suas narrativas.
Ballester faz-nos penetrar na corte espanhola de Filipe lV, nos tempos da Inquisição, na intimidade do rei e da rainha.
Miguel Torga, de quem celebramos o centenário, faz-nos sentir o viver português, mas mostra-nos também como somos universais, isto é, iguais aos outros homens de outras latitudes.
Sepúlveda ,no seu livro mais amado e mais lido, mostra-nos que o amor pode ser" o vírus benigno que combate a falta de amor". Era assim que o velho sentia...

Quanto ao último livro, é considerado uma obra-prima da literatura universal, aqui se mostra que a dignidade não se perde quando se é derrotado, só quando se desiste...

Espera -se, com estas achegas, abrir o apetite dos nossos leitores. Ninguém quer dar uma ajuda?
Esperamos a presença de alunos, pais e professores que queiram falar informalmente de alguns destes livros que propomos.







quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Tempo

Tempo


Sexta-feira, 12 de Outubro


Lembro-me mais do dia do que do ano. Podia ter sido há mais tempo, mas foi nesse dia. Foi nesse preciso dia que me apercebi. Nunca o tinha constatado, ou procurado, estava submerso em razão e certeza, quando no fim, era ignorância.
O meu pai foi buscar-me à escola. Recordo-o por não ser comum. E deve ter sido aí que o meu dia começou. Não na escola decerto, onde experienciara uma esgotante aula de Economia aprendendo a, acima de tudo, calcular o IRS (razão pela qual me senti tentado pela humanidade das ciências sociais, abandonando, posteriormente, este fastidioso curso).
À chegada a casa, desafiei o meu pai para uma corrida até ao jardim, lembrando os tempos passados rebolando naquela relva verde vivo que, não obstante, insistia em manchar-me a roupa de negro terra. Não sei por que o fiz. Habituado ao meu diletantismo que me fazia prometer uma vitória antes mesmo da partida, o meu pai, como sempre, proferiu um lacónico “vamos ver”. E foi com surpresa que vi dois seres correndo desalmadamente para lugar incerto. Havia em toda aquela cena uma incoerência desmedida. Qual o objectivo final? Cortar a meta? Em primeiro? O que seria reservado ao segundo? E se o objectivo era em última análise esquecer a fórmula do IRS porque não ler as “Vinhas da Ira”, ou debater o materialismo filosófico e a sua aplicação no século XXI? Mas o objectivo era diferente.
Eu venci. Nunca o tinha feito, sonhado ou imaginado. Era algo matematicamente incompreensível. Mas foi nesse momento que o percebi. A imortalidade, a invencibilidade, a omnisciência, enfim, tudo aquilo em que acreditava até então sucumbiu nesse momento. Eu via um ser perante mim. Pela primeira vez, um ser. A adulteração de toda a sua imagem fez-me desejar a derrota, o retorno ao inalcançável. Naquele momento, o meu pai tornou-se um mortal, um ser vencível, que só a sua eloquência salvava deste julgamento imediato...
Poder-se-á dizer que fiquei desiludido. Não se fugirá à realidade afirmando que fiquei triste. Afinal tinha visto a confirmação do inevitável relógio. O tempo passou. Tudo mudou. Imaginei-o trinta anos antes, a correr com o seu pai, e a vencê-lo. O que teria pensado então? O que deveria pensar eu agora? No presente, via uma corrida perdida, desta vez contra o tempo.
Olhou-me como se já conhecesse este olhar. Sorriu.

João Godinho,11o Turma7