quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Olhares jovens sobre a velhice
O Senhor das Horas
“Tem horas?”, perguntava como se estivesse, impacientemente, na expectativa de ser aquela a sua hora. Debruçado sobre uma varanda esquecida, repetia a pergunta a todos os que passavam na sua rua. Poucos eram os que respondiam. Uns riam-se e nem uma palavra pronunciavam e outros lá retorquiam por culpa da pena.
“Tem horas, menina?”, perguntou-me certo dia. “São nove e cinquenta” e segui o meu caminho. Quando parei, olhei para trás. Toda aquela imagem cinzenta e antiquada do casarão e o seu senhor contrastava com um ambiente urbano, repleto de estudantes com um mundo inteiro por descobrir e tantas respostas por obter. A única resposta que o “senhor das horas” precisava era aquela, “são nove e cinquenta”. Nada mais procurava saber. Essa era agora a sua vida, entregue a duas palavras. Esquecido, acompanhado pela solidão, perdido no tempo, esperando…
Maria Palma Graça Teixeira
12.º 4.ª
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2 comentários:
Pois é, é uma pena que estas coisas aconteçam! Excelente texto, eu lembro-me do senhor... coitado! óò
Tantas vezes passei por esse velhote, tantas vezes me habituei a essa pergunta que senti a falta quando ele já lá não estava...
Muito bom texto!
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