Histórias há muitas? Não! Há HISTÓRIAS e histórias. Há umas boas, que fazem os olhos voar ao sabor das páginas e a imaginação ao sabor do vento da história; há outras menos boas, um meio-termo, que podem até estar bem escritas, ter um vocabulário rico, uma abordagem interessante mas que, por alguma razão, não nos falam ao coração; há também aquelas que são o "pãozinho sem sal" das bibliotecas e que não aquecem nem arrefecem, são fáceis de ler e nas quais os seus autores não mostram significativo talento; depois há aquelas que já nem merecem, não digo um lugar na prateleira, porque, à semelhança das crianças, os livros não escolhem o conteúdo, que se lhes dê muita atenção, quer sejam tolas ou arrepiantes. E, acima de tudo, há aquelas histórias que ficam na memória para sempre, não importa quantas outras desfilem, depois, à frente dos nossos olhos. Neste texto, quero, acima de tudo, partilhar a opinião que me ficou da leitura de um livro que descobri, o ano passado, na biblioteca da nossa escola.
Apesar de, muitas vezes, termos oportunidade de constatar que as prateleiras são, cada vez mais, invadidas por histórias muito pouco enriquecedoras, não se pode dizer exactamente que seja muito difícil encontrar livros realmente bons. Ainda assim, quando requisitei à biblioteca e li o livro Escrito a Lápis, de Margarida Fonseca Santos, fiquei maravilhado.
Este é, sem dúvida, um daqueles livros que, depois de lidos, jamais se esquece. A história, de uma rara pureza singela e realista - e, ao mesmo tempo, com um quê de onírico - é uma das mais belas que já li - e, também, uma das mais comoventes!
É raro alcançar-se um livro que exponha tão habilmente a complexidade das relações humanas e a variedade de panos de fundo que as emoções dos seres humanos podem tecer. É raro ler-se um livro, ao mesmo tempo tão terreno e dotado deste alcance formidável e intemporal. Digo intemporal porque, por muito que as expressões do sentir tenham, ao longo dos séculos, evoluído e se tenham diferenciado, o sentir humano não conhece barreiras temporais e atravessa os séculos, intocado, inalterado e imaculado.
Neste livro, Margarida Fonseca Santos pinta, em traços firmes e simples, um quadro que nos dá a conhecer a cara e a expressão da verdadeira Amizade e do verdadeiro Amor. Um livro a ser lido e relido, pois tem muito para ensinar a cada um de nós, que, por vezes, com a azáfama dos dias, nos esquecemos do aspecto verdadeiro destes dois conceitos metafísicos que constituem um dos pilares da existência do ser humano enquanto tal.
Tomás Vicente, nº 27, 11º3ª
2 comentários:
Tomás - quero agradecer-te, agradecer-te muito. Para mim, a escrita é uma partilha de olhares sobre emoções e personalidades. Faço disso a minha missão. Às vezes perguntam-me porque não descrevo mais o aspecto físico das personagens; respondo que o que vejo e escrevo é o sentir de cada uma, é aí que está, para mim, a riqueza da pessoa humana, da sua história.
Podes imaginar a felicidade e a sensação de dever cumprido que suscita a tua mensagem.
E tens razão - a amizade e o amor são, na minha escrita e na minha relação com os outros, os pilares que sustentam e tornam mágico este caminho a que chamamos vida.
Acredita, Tomás, trouxeste ao meu dia e ao meu percurso como escritora, uma enorme felicidades. Obrigada.
Um beijo
Margarida FS
Muito obrigado pelo generoso comentário!
Tomás Vicente
Enviar um comentário