A Canção dos Dias
A
cada dia, ao despertar,
Sinto
algo que vem das profundezas
De
tudo à minha volta,
Com
o intento de me puxar
E
comigo mergulhar
Nas
maravilhas a desabrochar.
Ao
longo do dia fatigante,
Nem
um instante me abandona
Esse
espírito melancólico,
Que
espera a momento oportuno
Para
soltar em mim a nostalgia
Pelo
que hoje existe
E
amanhã fenecerá.
O
crepúsculo aveludado
Dá-lhe
mais força e o fogo arde,
Mais
vivo no lar de pedra.
Mas
só quando, por fim,
À
almofada fofa faço confissões
É
que, dentro de mim,
Esse
bichinho se liberta
E
me apaga o corpo,
Ficando
só o espírito,
Que
sai pelos campos a viajar.
E,
por ter estado preso longo tempo,
Tem
uma tão grande fome de sonhar
Que
nunca mais o consigo encontrar.
De
noite chora pela Natureza do luar coberta,
De
dia saltita por vales indómitos
E
vai sempre um passo à minha frente,
Calcorreando
o mar do sonho
Ao
sabor da música escutada,
O
som da canção dos dias.
Tomás Vicente, 12º 9ª