segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Cantinho da poesia


A Canção dos Dias

A cada dia, ao despertar,
Sinto algo que vem das profundezas
De tudo à minha volta,
Com o intento de me puxar
E comigo mergulhar
Nas maravilhas a desabrochar.
                                  
Ao longo do dia fatigante,
Nem um instante me abandona
Esse espírito melancólico,
Que espera a momento oportuno
Para soltar em mim a nostalgia
Pelo que hoje existe
E amanhã fenecerá.

O crepúsculo aveludado
Dá-lhe mais força e o fogo arde,
Mais vivo no lar de pedra.
Mas só quando, por fim,
À almofada fofa faço confissões
É que, dentro de mim,
Esse bichinho se liberta
E me apaga o corpo,
Ficando só o espírito,
Que sai pelos campos a viajar.

E, por ter estado preso longo tempo,
Tem uma tão grande fome de sonhar
Que nunca mais o consigo encontrar.
De noite chora pela Natureza do luar coberta,
De dia saltita por vales indómitos
E vai sempre um passo à minha frente,
Calcorreando o mar do sonho
Ao sabor da música escutada,
O som da canção dos dias.

Tomás Vicente, 12º 9ª

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostaria de realçar um verso deste poema:
"... E vai sempre um passo à minha frente..."
A ideia de que temos algo/alguém para alcançar ou algo/alguém para seguir e que nos vai guiando no caminho dos nossos sonhos, é uma imagem grandiosa!

Anónimo disse...

Obrigado pelo seu comentário :) é bom saber que o poema foi lido e apreciado. Espero que goste também dos que aparecerem no futuro.

Tomás Vicente