quarta-feira, 1 de abril de 2009

Semana Cultural -Teatro- Inferno XXI

O INFERNO XXI

O Anjo, o Diabo e a "Tia "

Estas são algumas imagens da peça vicentina, escrita, representada e encenada pelas três turmas de 9º ano, no âmbito do projecto " LER, ESCREVER e REPRESENTAR É DIVERTIDO", orientado pela professora de Língua Portuguesa e Estudo Acompanhado, Ana Isabel Faria.
O público gostou tanto que muitos elementos da escola pediram aos alunos e à professora uma nova representação que possibilitou um maior número de espectadores , pais, professores e alunos.
A actualidade da crítica, o cómico, a originalidade da concepção e encenação, bem como a qualidade da representação mostram -nos que os nossos alunos podem superar as nossas expectativas quando verdadeiramente se empenham.
Parabéns aos alunos do 91ª,2ª e 3ª e à professora Ana Faria!
O Anjo, o Ministro, o Político e o Diabo

o Anjo, o Ministro e o Político


O Diabo e o Ministro


AS TRÊS CONSCIÊNCIAS
4º Réu

O Terrorista, o Corrupto, a Meretriz e o 4º Réu

O Terrorista, a Meretriz e o Corrupto



O públioco adorou...

Apresentamos um dos textos, elaborado por alunos da turma 9º3ª.
Vejam as características vicentinas da peça...
Personagens :
Juiz
Meretriz
Terrorista
Corrupto
4º Réu
Por entre o intenso nevoeiro, as águas corriam tranquilas, mortas, hipnotizadas. As margens, essas, não existiam. No entanto, existia um batel, sem remos nem remador, navegando por instinto próprio para o horizonte invisível. Nele se encontravam três consciências: uma mulher e dois homens. Acordam...

Juiz : -Vá, acordem que se faz tarde!
Corrupto:-Porque não estou eu no quarto?
Terrorista: -E a forca? Ai!, o meu pescoço arde!
Meretriz: -Não me digam que o meu cliente ficou farto!
Juiz: -Calem-se! O tempo aqui parou!
Corrupto: -Mas o tempo nunca pára!
Terrorista: -Será que o governo não me matou?
Meretriz: -Bem, olá! Sou a Sara…
Terrorista: -Uma meretriz!
Corrupto: -Olha que não tem má cara…
Meretriz: -Oh, mas ninguém me quis.
Corrupto: -Porquê boneca?
Meretriz: -Estou doente…
Terrorista: -Pecado para quem peca.
Meretriz: -Ah, fala o demente!
Corrupto: -Ele é terrorista.
Terrorista: -Prefiro bem-feitor.
Meretriz: - Barbudo extremista…
Terrorista: -E tu, cara de maricas, és alguém?
Corrupto: -Eu sou o que for…
Terrorista:-Honesto não deves ser…
Meretriz: -Pois, tens ar de corruptor
Terrorista: -Isso é porque irá em breve morrer!
Corrupto: -Nada muda a minha dor…
Juiz: -Pronto! Já se conhecem…
Corrupto: -Mas tu quem és?
Juiz: -A união da tua consciência…
Terrorista: -Mas não tens nem cabeça nem pés!
Meretriz: -És a Santa Providência?
Juiz: -Depende de vossas fés…
Corrupto: -Nós não morremos, então?
Juiz: -Talvez sim, talvez não!
Meretriz: -Ai, que aflição!
Terrorista: -Isto é um julgamento?
Juiz: -Parecido…
Corrupto: -Então sou inocente!
Juiz: -Não, seu atrevido
Logo tu, que ganhaste falsamente…
Corrupto: -Apenas ajudei os outros…
Juiz: -Tirando dinheiro a tal gente?
Terrorista: -E então e eu?
Juiz: Tu, barbudo egoísta.
Mataste mais gente que eu,
Isso não tolero,
Meu grande camafeu…
Terrorista: -Eles também mataram os meus…
E isso custou-lhes as vidas
Tudo em nome de Deus,
Quais atentados homicidas!
Meretriz: -Agora é a minha vez!
Até já estou aborrecida!
Onde está o vosso lado cortês?
Juiz: -Tu, és uma vendida
E matas também Romeus
Dando-lhes a SIDA
Por serem tão sandeus.
Nenhum de vocês tem
A alma arrependida
E não ajudam ninguém
Pois nada vos detém
Nem a alma torcida
Quando acordardes
Morrereis em agonia
Tal vossa tirania
E espíritos covardes!

Surge, de repente, uma nova alma:

Corrupto: -Já temos mais um?
Terrorista: -Outro que está para morrer
Tem a vida num trinta e um…
Juiz: -Este parece ser diferente
Não o consigo sentir
Como se fosse boa gente
Mas só cá pode vir,
Quem à vida mente
Como vocês pecadores,
Que não têm alma nem mente.
De sofrimento causadores
E que tiram injustamente
Deixando só horrores
4º Réu: -Gostava de poder falar
Para vos esclarecer
Como bom é o meu ser
Que não merece morrer,
Para mais ainda ajudar…
Sim, é verdade,
Eu já pequei,
Mas também rezei
Para negar a falsidade
Dos meus pecados capitais
Por motivos de humildade
E carências tais,
Que agora ajudo os demais,
Com gestos algo banais,
Aproveitando a oportunidade .
Juiz: -Mas a verdade existe
E diz que tu pecaste
E bem que te safaste
Mesmo vendo o que viste
Não sei o que fazer contigo,
O teu caso é especial,
Dá-me tempo,
Enquanto investigo.
Chegou a grande hora,
A do veredicto:
“Se outrora pecaram
Farei com que não acordem
Sofrerão por quem mataram
Mas vá, supliquem:
Corrupto: -Porque irei eu morrer,
Se uma parte do barbudo
É parte do teu ser
Ou seja, cabeçudo?
E ali a garina,
Que é a pior de nós?
Só porque é menina
Não teve vida atroz?
Meretriz: -És mesmo arrogante
Estás aqui, estás ali!
Com o teu ego brilhante
Nem sei como te sorri…
Mas tu, assassino,
Não és melhor,
Homem sem hino,
Tristeza em teu redor!
Digno de estalada
Mas eu tenho dignidade
E sei que na tua idade,
Vocês só vão à chicotada!
Terrorista: -Acusado pela fruta…
Que moral pensas ter
Sendo uma prostituta?
Foi Deus quem me guiou,
Portanto fui correcto
Foi Ele quem chacinou
Eu fui só o objecto!
E tu, ó ladrão!
Que pensas ser certeiro
Que a muitos roubaste da mão
Tirando-lhes o dinheiro?
Corrupto: -Eu não mereço morrer!
Terrorista: -Ah, nem eu tão pouco ...
Meretriz: -Eu só quero viver
Juiz: -Mas quem decide sou eu
E o argumento final
Acaba de vir de vós,
Pelo que a minha voz real,
Faz de cada vosso ser mortal
Um severo passado atroz
IRÃO ACORDAR, SEM MEMÓRIA
E IRÃO MORRER, SEM GLÓRIA
4º Réu: -Eu aceito bem a morte
Mas não é a vida que se me vai
É do pobre a sorte
Sobre quem a minha ajuda recai
Viverei para ajudar,
Para ninguém ter de roubar
E tornar os lares felizes
Para que não haja mais meretrizes!

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