Olá, como estás?
O que aconteceu que não me vens visitar há tanto tempo? Eu, sempre que adormeço, espero por ti, mas tu, nada. Parece que te esqueceste de mim ou então fartaste-te das nossas aventuras. Olha, eu não. Começo a estar farto de passar as noites numa escuridão total, sem o mínimo interesse, sem uma luz que dê cor à noite.
Acho que não me tens vindo visitar, porque deves andar ocupado a servir de companhia a outros como eu, que acham que dormir é uma perda de tempo, a não ser que se aproveite esse tempo para fazermos coisas estranhas que só se realizam nos sonhos.
Lembras-te daquela noite em que eu estava sozinho no cimo da Serra da Estrela, junto a um precipício?
Então abri os braços, que já não eram braços, mas grandes asas negras cheias de penas, e tu disseste-me para me atirar para a frente. Eu, então, comecei a bater asas com muita força e o meu corpo tinha penas e eu era um pássaro. Tu gritavas para eu não parar de voar e para olhar para baixo. Eu estava cheio de medo, mas, ao mesmo tempo, era boa aquela sensação de liberdade e eu estava disposto a ir até ao fim do mundo. Estava feliz por ser um pássaro e já não queria voltar a ser pessoa
Mas, a pouco e pouco, deixei de te ver. Tu ias desaparecendo e eu lentamente ia descendo, até que parei junto ao mar. Olhei para mim e, tristemente, vi que o fantástico pássaro negro era afinal um rapaz normal de carne e osso incapaz de voar.
Desde essa altura, nunca mais soube de ti. Preciso de te ver com urgência. Não precisas de me escrever ou telefonar. Basta que surjas, mal eu feche os olhos, para termos a noite toda para nos divertirmos.
Um abraço do teu amigo
Pedro Almeida
2006/07 10ºAno 4ª Turma nº 23
Sem comentários:
Enviar um comentário